Em agosto, a minha lembrança se volta para o meu pai, que já repousa em Deus na eternidade. Dia dez era data de seu nascimento e, quase sempre, coincidia com o fim de semana do Dia os Pais. Ele gostava muito de ganhar presentes, por isso nutria a expectativa de receber dois presentes. Sabendo disso, a família inteira caprichava em fazer a sua alegria.
Eu tive a graça de conviver com meu pai, de viver as realidades próprias de ser família, com muitos desafios e grandes alegrias; minha vida foi se construindo com a presença do meu pai, Francisco, minha mãe, Anita, e de meus cinco irmãos: Antonio, Aparecida, Iracema, Yara, e Bernadette.
O sentido de família pode diferenciar-se de pessoa para pessoa e de épocas, a realidade é dinâmica e as mudanças sociais acontecem.
Na “Carta às Famílias”, o beato João Paulo II declara: “Através da comunhão de pessoas, que se realiza no matrimônio, o homem e a mulher dão início à família. A família é realmente uma comunidade de pessoas, para quem o modo próprio de existir e viver juntas é como comunidade de pessoas unidas no amor”.
Em nossos dias, muitas famílias não vivem a realidade de ter o pai, a mãe, os filhos agregados numa mesma casa. Cresce em nossa sociedade o número de famílias sem pai ou sem mãe, ou sem filhos.
Há famílias que não vivem juntas, na mesma residência, porque os filhos saem para trabalhar ou estudar fora, até pais e mães, por necessidade de buscar o sustento familiar, acabam mal se encontrando por causa dos horários diferentes de trabalho. Assim como há membros que migram para outras regiões e nações por conta de melhores salários, ou ainda pais que se separaram formando outras famílias. Uma coisa é certa, “a família é a célula mater da sociedade”. A vida em família é uma iniciação à vida da sociedade, percebo isso hoje com mais clareza vivendo na comunidade.
Hoje se fala em três níveis de laços familiares, todos importantes para o ser humano: família nuclear, nossa família com nossos pais e irmãos; família parental na qual nossa família nuclear está inclusa, que são nossos parentes, avós, tios, primos; e uma família muito maior chamada humanidade, à qual todos nós pertencemos, pois somos filhos e filhas de Deus, que é Pai de todos, porque faz brilhar o sol sobre bons e maus e porque com Seu amor abraça todas as criaturas.
Deus mesmo escolheu uma família para estar entre nós; com mãe e pai Jesus viveu entre nós para nos ensinar que é possível, pela fidelidade, oração e trabalho vencer este mundo com o alvo no Céu. Por isso a “família é a Igreja doméstica”, na qual os filhos são preparados para uma missão específica: homens novos para um Mundo Novo.
O que concretiza o ser família não são os laços de sangue, muito menos o desejo de permanecer próximos fisicamente, mas o amor que une, espera, e suporta com paciência cada etapa, porque ele não passa jamais, só cresce, vence no testemunho, gerando novas sementes. É por isso que nenhuma instituição substitui o valor e a força da família!
Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova