Antes de subir aos céus, Jesus faz aos discípulos a promessa: “Recebereis o poder do Espírito Santo que virá sobre vós, para serdes minhas testemunhas… até os confins da terra” (At 1,8).
Pedro tomou posse desta promessa e, sem medo, dirigiu-se à multidão no dia de Pentecostes: “A promessa é para vós e vossos filhos e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor, nosso Deus, chamar!” (At 2,39).
Ao se referir a essa promessa de Deus, Frei Raniero Cantalamessa diz que a chave para que essa graça nos alcance é tomarmos consciência de que esse “vós”, que consta na Palavra, agora é para todos nós. Somos aqueles aos quais o Senhor chama, depois dos primeiros que creram; é para nós essa promessa do Pai. Qualquer pessoa pode se apresentar a qualquer hora diante do Pai e reclamar o cumprimento dessa promessa.
É certo que, neste último século, a cristandade fez, como que em ondas sucessivas, a experiência de uma efusão do Espírito “sobre todos os viventes” (Jl 3,1) e deu origem aos diversos movimentos pentecostais e carismáticos. A profecia de Joel não se dirigiu apenas aos fiéis que ouviam a pregação de Pedro, mas a milhares que vivenciaram essa experiência em suas vidas. Todos essas pessoas estão prontas para atestar que, de fato, “nos últimos dias, o Senhor derramou o Seu Espírito sobre todos nós: sobre seus filhos e filhas, jovens e anciãos, servos e servas” (cf. At 2,17-18).
O sopro de Pentecostes age novamente na Igreja com força renovada e nos leva, em meio a todas as dificuldades enfrentadas, a proclamar a fé, a nossa maior razão de esperança.
Se a promessa é para nós, como fazer para obtê-la? São Paulo responde: “O Espírito da promessa não se obtém mediante a observância da lei, mas pela fé”. Nós, em outras palavras, não devemos esperar uma observância perfeita dos mandamentos para, então, esperarmos receber um novo Pentecostes. Devemos, sim, crer, ter fé, abrir o coração para receber o Espírito Santo de Deus gratuitamente, como dom e não como débito. Os apóstolos não receberam o Paráclito porque haviam se tornado fervorosos, mas tornaram-se fervorosos porque O haviam recebido.
“A promessa é para vós!” Eu tomei posse dessa graça em 1973. Logo após ter feito um retiro para jovens, tive o meu primeiro encontro pessoal com Jesus, por intermédio do padre Jonas. Em seguida, participei de uma experiência de oração no Espírito Santo, na qual recebi a graça da efusão do Espírito. Desde então, minha vida se transformou; senti um coração novo pulsar dentro de mim, um sincero desejo de conversão, arrependimento dos meus pecados, amor pela Palavra de Deus, aos Sacramentos, à vida reconciliada no exercício da caridade e vida fraterna, sem medo de testemunhar a salvação de Deus, de ser discípula e missionária de Cristo.
Creio que Pentecostes é isso, porque o Senhor é fiel em Sua Palavra. Podemos confiar e continuamente pedir com a certeza da promessa cumprida: Enviai, Senhor, o Teu Santo Espírito e a face da terra renovai. Vem, Espírito Santo!
Luzia Santiago
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