Neste mês dedicado às vocações, partilho as minhas experiências vividas com alguns padres: fui batizada com um mês de vida, em Virgínia-MG, por Padre Alísio, que fez o casamento dos meus pais, acompanhou-os como diretor espiritual, e assim ele o fazia com paternal cuidado com toda paróquia. São gratas as lembranças que guardo da minha infância deste padre; muito da minha catequese veio dos seus sermões, especialmente os da Semana Santa e festas da padroeira.
Na minha adolescência, quando minha família mudou-se para Lorena, SP, aos treze anos me engajei na “cruzadinha”, na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, cujo pároco era o Padre João, que se tornou meu confessor. O dinamismo do seu sacerdócio mantinha a paróquia viva. Ele tinha no coração um grande amor pelos fiéis: visitava os paroquianos, os hospitais, os asilos e conhecia todas as pessoas. Era pai e pastor da cidade. Mais tarde tornou-se bispo: Dom João Hipólito de Moraes.
Na minha juventude, conheci Padre Jonas Abib. Eu acabara de ficar viúva e ele me acolheu em estado de profunda angústia. Ele trabalhava com a juventude da diocese e região. Incansável no seu ministério, entusiasmado, alegre, piedoso, apaixonado pelos jovens. Pregava retiros para eles e os atendia em confissão até de madrugada. Pregava o Evangelho pelas cidades, e milhares de pessoas foram batizadas no Espírito Santo e despertaram para uma vida cristã fervorosa. A vivência radical do seu sacerdócio gerou muitos discípulos, e despertou em mim e em outros o desejo de entregar a vida a Cristo. Assim nasceu a Canção Nova. Recordo-me de que em 83, no dia do seu aniversário, ele fez esta oração: “Obrigado, Senhor, reconheço que não existo para mim mesmo; fui criado para servir. Agradeço porque me conduzistes a assumir na minha ordenação o lema: ‘Feito tudo para todos’, e faz-me entender que a única maneira de servir-TE é servindo aos outros”.
Convivo com o Monsenhor Jonas há quarenta anos. Assim como vi a Palavra de Deus pregada por ele, com unção, causando grande alegria e fé a quem o escutasse, agora o vemos colhendo grandes frutos.
Testemunho que a vida destes padres se traduz no que diz o Documento de Aparecida, n.191: “Minha Missa é minha vida, e minha vida é uma Missa prolongada”.
Sejamos dóceis ao pedido que o nosso Papa Francisco fez na Missa de Crisma, no dia 28 de março: “Amados fiéis, permanecei unidos aos vossos sacerdotes com o afeto e a oração, para que sejam sempre pastores segundo o coração de Deus”.
Luzia Santiago