Este ano, na Comunidade Canção Nova, estamos vivendo o ‘Ano da Memória’. Algo de essencial, que marcou nossa história e se encontra em nossos fundamentos desde o início, foi a realidade do voluntariado. Para a Canção Nova nascer e se desenvolver, Deus quis contar com pessoas que agiam como uma “tropa de choque”. Eram adultos e jovens que, juntando-se ao padre Jonas sem medir tempo nem esforços, contribuíram em favor de uma causa: proclamar o amor de Deus a todos, oportuna e inoportunamente.
Sem dúvida alguma, aquele primeiro grupo deu vida à Canção Nova, a qual, como uma corrente de água pura, foi matando a sede de muita gente e curando muitos corações. Eu e inúmeros companheiros experimentamos essa graça. Meu coração revive, com gratidão, o trabalho, o suor, as lágrimas e a energia de tantos irmãos e irmãs que desbravaram, na fé, um novo campo para evangelizar.
Quanto barro amassado! Quantos fios esticados! Quantas batatas descascadas e almoços servidos! Quantas caronas oferecidas, calor e frio suportados, chuvas e vendavais em barracas de sol a sol pelo ardor de servir sem nada buscar em troca, a não ser a alegria de ver nascer nos outros a esperança da vida nova em Cristo!
Recordo-me de algumas palavras do Papa Bento XVI, em setembro de 2007, quando, dirigindo-se a milhões de voluntários reunidos na Áustria, disse-lhes: “É belo encontrar pessoas que, na nossa sociedade, procuram dar um rosto à mensagem do Evangelho; ver pessoas idosas e jovens que tornam realmente experimentáveis, na Igreja e na sociedade, aquele amor pelo qual nós, como cristãos, devemos ser conquistados: é o amor de Deus que nos faz reconhecer no outro o nosso próximo, o irmão ou a irmã.
Gostaria de agradecer a cada uma das mulheres, dos homens, jovens e crianças por seu empenho voluntário; sobretudo, àqueles pequenos e grandes serviços e fadigas pela edificação de uma “civilização do amor”, que se coloca a serviço de todos e cria a Pátria! O “sim” a um compromisso voluntário e solidário é uma decisão que liberta e abre cada um para as necessidades do próximo. Sem empenho voluntário o bem comum não pode subsistir. Sim, “devo tornar-me uma pessoa que ama, cujo coração está aberto para se deixar incomodar perante a necessidade do próximo. Então, encontro o meu próximo, ou melhor, é ele quem me encontra”, e nele eu encontro o próprio Jesus.
É dessa forma que eu quis chegar aos voluntários da nossa história – do passado e do presente –, aqueles que, hoje, somam conosco as fileiras do voluntariado, fazendo minhas as palavras do nosso Papa. Deus lhes pague! Mas, eu creio ainda que não paramos por aqui. O Senhor continua a contar conosco e com outros milhões de corações generosos para, juntos com toda a Igreja, nos doarmos por uma nova evangelização!
Luzia Santiago