Neste ano, a Igreja no Brasil nos propõe, para a Campanha da Fraternidade, a promoção o desenvolvimento humano e integral. É uma realidade que toca de cheio na missão evangelizadora dos cristãos. Todos nós somos responsáveis por um mundo mais humano, justo e solidário, menos desigual, e com mais oportunidade para todos.
“A Igreja reconhece que sua atividade missionária também contribuiu para o desenvolvimento humano, social, econômico, político, cultural, de muitos povos. Com a mensagem evangélica, a Igreja oferece uma força libertadora e criadora de desenvolvimento, exatamente porque leva à conversão do coração e da mentalidade, faz reconhecer a dignidade de cada pessoa, predispõe à solidariedade, ao compromisso e ao serviço dos irmãos, insere o homem no projeto de Deus, que é a construção do Reino de paz e de justiça, já a partir desta vida… Eis o porquê, entre o anúncio evangélico e promoção do homem, existe uma estreita união.”
Diz a Campanha da Fraternidade: “No Reino de Deus a lei é a solidariedade que faz da humanidade uma família onde todos se protegem mutuamente. Assim, problemas que pareciam insolúveis podem ter soluções surpreendentes. Se realmente nos sentirmos irmãos, parte da mesma família humana, certamente viveremos de modo mais solidário; a partilha faz milagres” (CF nº 88 e 89).
A força da solidariedade deve nos deixar mais atentos ao que acontece à nossa volta, deve nos levar a um agir por nossa própria vontade ao serviço voluntário, somente com o desejo espontâneo de fazer o bem.
Nós somos chamados a criarmos espaços tornando-nos agentes de transformação mesmo enfrentando grandes desafios.
Eu testemunho como esta realidade marcou e marca profundamente a minha vida. Quando fiquei viúva do meu primeiro marido, eu tinha vinte e três anos; pelas circunstâncias da sua perda e do abalo que isto me causou, eu resolvi voltar a estudar, tentar fazer algo que preenchesse o meu vazio. Foi então que logo ingressei no curso de Serviço Social para, de alguma forma, tornar-me útil às pessoas. Ansiei preencher a minha vida com os que sofrem, ajudando-os independente do retorno pessoal. Eu dizia comigo: “Vou construir minha vida ajudando os outros”. Senti-me impulsionada a dar o meu tempo a quem precisasse. Então, comecei como voluntária em um Pronto Socorro de minha cidade. Ali aprendi que no voluntariado contribuímos para que vidas venham à luz, que rostos voltem a sorrir e para que o desespero dê lugar à esperança.
Ser voluntário é tornar-se agente de transformação, com a certeza de não dever nada a ninguém, a não ser a caridade. Nela não há qualquer interesse a não ser a oferta de si mesmo. Ser voluntário é ser livre para amar e servir; é comprometer-se com um mundo novo.
Luzia Santiago