A Bíblia diz que Deus não leva em conta os tempos da nossa ignorância, mas quer que todos os homens, em todo lugar, arrependam-se (cf. At 17,30).
Até a juventude, minha vida era pautada em crescer, estudar, namorar e casar. Porém, nos meus vinte e três anos, após uma viuvez trágica, repensei o sentido da vida. Quem sou eu? Para que existo? Para onde vou? Foi dessa forma que tive meu primeiro encontro pessoal com Jesus. Encontrando-me com o Senhor, encontrei-me comigo mesma. Despertei-me para uma nova realidade, que até então não conhecia: Deus me criou por amor e para amar. Meu coração se iluminou. Passei a compreender o que é ser de Deus e viver para Ele.
Entendi que Deus escolhe cada um de nós, Ele nos chama e nos dá uma vocação. A iniciativa do chamado é sempre d’Ele, como se sucedeu com os profetas Samuel, Jeremias e tantos outros (1Sm 3,4; Jr 1,4-5). Cabe a cada um buscar a Deus e dispor-se ao Seu chamado, encontrar sua própria vocação, seja leiga, sacerdotal, ou religiosa. É um dom, graça, eleição cuidadosa, visando à construção do Reino dos Céus, fonte da própria realização.
Assim aconteceu comigo, em 1977, quando, no Retiro “Catecumenato”, monsenhor Jonas fez o chamado para os jovens que estavam ali: “Quem está disposto a deixar sua casa, pai e mãe, trabalho, projetos, para vir viver em comunidade, evangelizar comigo como estou fazendo com vocês?”. Nesse grupo iniciante, éramos doze pessoas vivendo em comunidade com uma finalidade apostólica – a evangelização.
Fomos descobrindo o que seria o nosso chamado: uma forma renovada e priorizante para favorecer a experiência pessoal do encontro com Jesus Cristo na eficácia do Espírito Santo. Formar homens novos para um mundo novo, de modo a preparar e apressar a vinda gloriosa do Senhor.
Participamos dessa nova corrente de graça dada à Igreja para os tempos atuais: a efusão do Espírito Santo. O próprio Senhor colocou nos nossos corações um impulso de urgência na Missão de Evangelizar. Somos chamados, antes de tudo, a nos tornar homens novos e mulheres novas, testemunhas do Cristo vivo neste mundo.
Neste mês vocacional, que cresça em nós uma oração simples e eficaz, capaz de renovar o ardor do chamado suscitado por Deus em cada um; ao mesmo tempo, sintamo-nos impelidos a clamar, para que os jovens encontrem sua vocação. Podemos orar assim:
“Ouvi, então, a voz do Senhor que dizia: ‘A quem enviarei? Quem irá por nós?’ Respondi: ‘Aqui estou! Envia-me’ (Is 6,8). Senhor, enviai operários para a Sua messe!
Luzia Santiago
Cofundadora da Comunidade Canção Nova
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